Dos engenhos coloniais às tecnológicas usinas atuais, a cana-de-açúcar sempre esteve presente na formação do território brasileiro, moldando estruturas sociais e tendo grande relevância econômica para o país. Com o passar das décadas, as formas de cultivos foram se transformando, além de novos conhecimentos que agregaram ao potencial da cultura, culminando no Brasil como atual maior produtor mundial de cana.
Nos anos de 1970 a produção no Brasil se aproximava de 80 milhões de toneladas de cana, já nos anos 2000 este valor chegou a patamares de 256 milhões de toneladas. Em 2021 a CONAB contabilizou mais de 578 milhões de toneladas, demonstrando o crescimento exponencial da produção nos últimos anos, o qual teve como impulsionador chave o forte trabalho de melhoramento na cultura.
Os estudos de melhoramento genético têm como objetivo conduzir cruzamentos planejados, selecionando os cultivares com melhores desempenhos nas características almejadas. Na seleção é importante ter em mente alguns caracteres desejados, entre eles a resistência a pragas e doenças, alta produtividade, facilidade de colheita, etc. Contudo, para realizar os cruzamentos e testes de seleção, é necessário que haja o florescimento da planta para produção de sementes. Devido ao fotoperíodo, e a demanda de altas temperaturas e umidade, o florescimento da cana costuma ocorrer de maneira mais eficiente em cultivos localizados no Nordeste, deste modo, é lá que as principais estações dos programas de melhoramento estão sediadas.
Os dois principais atores de melhoramento da cana são compostos pela Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa) e Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), ambos fortalecidos pela demanda do setor sucroenergético. Além destes centros de pesquisa há diversos importantes órgãos envolvidos no desenvolvimento, como a EMBRAPA e o IAC.
A tendência é a contínua busca de variedades com melhor potencial para o setor energético, visto que a cana tem sido a espécie mais utilizada no Brasil para a produção de biocombustíveis. A demanda por novas fontes energéticas, baseada na pressão climática, abre oportunidades para o setor canavieiro. Deste modo, tem se buscado cultivares com potencial para a produção de etanol lignocelulósico, tendo como necessidade maior produção de biomassa pela planta. Assim dividem-se muitos estudos de melhoramento, alguns com enfoque específico em cana-energia, e outros à cana do setor sucroenergético, enfatizando o alto teor de açúcar e melhoria quantidade de fibras para a alimentação e subprodutos.
Contudo, conduzir os experimentos para a seleção de uma nova variedade não é tarefa fácil, levando em média mais de 10 anos. Neste âmbito destaca-se a crescente integração com novas biotecnologias, as quais tem atuado para acelerar este processo, através de técnicas como as moleculares que facilitam a identificação genética de caracteres desejados. A dificuldade temporal para a obtenção de novas variedades ainda se reflete como um risco biológico sobre o aparecimento de novas ameaças, especialmente devido à concentração de áreas com um mesmo cultivar.
O Censo Varietal IAC de 2019 indicou que a variedade RB867515 foi a mais cultivada no ano, estando presente em um quinto das propriedades de cana, além disso, esta ocupou o primeiro lugar no ranking da mais cultivadas em todos os 13 anos anteriores à pesquisa. Neste sentido, o produtor de cana deve atentar-se ainda mais ao monitoramento de seu cultivo, buscando escolher bons cultivares, e adotando práticas que diminuam a pressão de seleção de novas pragas e doenças em sua cultura.
O SIMA é uma importante ferramenta para gerenciar os cultivos, e pode ainda ser um aliado no planejamento, coleta e gestão de dados coletados em campos produtivos e experimentais, permitindo uma melhor visualização do desempenho dos cultivares em campo.
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