O perfil do “Coordenador AgTech”

O que é o perfil “Coordenador AgTech”?

Incorporar uma nova tecnologia dentro de uma empresa é um grande desafio. A transformação digital não é um caminho direto, mas sim um processo que muitas vezes pode ser estressante se não for abordado de maneira ordenada e consciente. Principalmente quando a nova tecnologia implica uma mudança nos processos e na forma de fazer as coisas, ainda mais quando envolve várias pessoas em diferentes setores.

Uma das principais lições aprendidas ao incorporar a tecnologia digital nas empresas agrícolas foi a importância de ter um responsável pela implementação, um ponto focal, um perfil que se encarregue das ferramentas digitais.

Em muitos casos esta designação ocorre organicamente, naturalmente, mas em outros é uma busca deliberada para alcançar o sucesso da implementação.

Por que é tão importante ter esse papel?

Ele será responsável por manter a comunicação entre quem oferece a tecnologia e quem a implementa e por coordenar e ordenar todas as tarefas envolvidas no processo. Quando você não tem essa pessoa, alguns problemas podem aparecer, como:

  • Diagnóstico ruim (ou inexistente) do estado inicial e dos objetivos: Saber o ponto de partida e o que se quer alcançar com a nova tecnologia é a base de uma boa implementação. Se isso não acontecer, os objetivos da empresa e os benefícios oferecidos pela nova ferramenta estão desalinhados.
  • Comunicação desorganizada: não ter um ponto focal dificulta centralizar a comunicação, tirar dúvidas e solicitar feedbacks.
  • Dificuldade em coordenar reuniões e ações: “O que é responsabilidade de todos, não é responsabilidade de ninguém.” Sem um coordenador, pode levar semanas para coordenar datas, programar ações e monitorar seus cumprimentos. Também podem surgir muitas dúvidas específicas ou pessoais que não são resolvidas se uma pessoa não as reunir e transmiti-las corretamente a quem corresponde. O normal é que todos tenham tarefas diferentes para realizar no dia e conseguir introduzir algo novo na rotina é um grande desafio.
  •  Baixo nível de comprometimento: muitas vezes o incentivo para agregar uma nova tecnologia se dilui ao longo do tempo devido ao surgimento de outras prioridades e urgências que o campo tem no dia a dia. A falta de motivação ou comprometimento nas equipes é uma das principais causas de falhas na implementação, daí a importância de ter pessoas que impulsionem e destaquem os fundamentos da decisão tomada para que ela seja realizada no dia a dia e os resultados possam ser observados a médio prazo.

Quais são as principais funções e tarefas que devem ser realizadas?

  • Compreender e mapear o estado inicial: diagnosticar o estado atual da empresa, analisar o fluxo dos processos e como ela está operando. Identificar quais são os principais problemas e pontos de dor para definir quais são os objetivos a alcançar a curto e médio prazo.
  •  Coordenar internamente e com a empresa de tecnologia: marcar reuniões, definir dia, horário e participantes, e todas as tarefas necessárias para que o grupo de trabalho funcione em harmonia.
  • Configurar a administração da plataforma: registrar, cancelar ou gerar alterações de usuários. É muito importante centralizar essas tarefas para evitar erros ou desordem na parametrização.
  • Propor melhorias e adaptações: o Coordenador AgTech será quem receberá todos os feedbacks, críticas, comentários e solicitações por parte da empresa e será responsável por priorizar e transmitir as necessidades da equipe para a empresa de tecnologia.
  • Tomada de decisão estratégica: Em muitos casos deverá definir os passos a seguir ou a opção mais adequada para cada caso em particular.
  • Nível de conhecimento: medir como cada colaborador está usando a plataforma e verificar se a adaptação é uniforme.
  • Dar seguimento: lembrar as expectativas que foram levantadas no início e observar a evolução com o passar do tempo.

Quais são as habilidades e conhecimentos necessários?

O responsável pode ser alguém que já esteja dentro da organização ou pode ser aberta uma nova vaga voltada para um perfil tecnológico.

A maioria das habilidades exigidas para o cargo são conhecimentos soft e não específicos:

  • Conhecimento interno da empresa: saber como são os processos, conhecer como trabalham os colaboradores, que tarefas realizam, onde estão e como fazer com que se adaptem progressivamente às mudanças. O ideal é alguém que faça ou tenha feito as mesmas tarefas que os demais usuários, para ver em primeira mão as atividades do dia a dia que são realizadas.
  • Capacidade de análise de processos: entender como todas as tarefas são para alcançar uma compreensão integrada do funcionamento das equipes de trabalho.
  • Habilidades tecnológicas: Você não precisa ser um programador ou especialista na área, mas deve ser bom com digitalização e software de computador e ter a facilidade de incorporar mudanças desse tipo. É importante ser capaz de liderar a transformação pelo exemplo.
  • Comunicação e gestão do grupo: Deve gerir e coordenar toda a equipa de forma a garantir que cada um realize a formação e utilize a plataforma em questão. Deve-se considerar que o cargo é transversal a todas as áreas e que cada pessoa tem também outro líder direto e que terá outras tarefas que lhe serão exigidas em simultâneo.
  • Visão de médio e longo prazo: pensar aonde quer chegar e monitorar o cumprimento dos objetivos.

Como dar os primeiros passos para incorporar a função de Coordenador AgTech dentro da empresa?

A primeira recomendação é realizar uma busca interna. É desejável que alguém da equipe dentro da Companhia possa assumir essa responsabilidade. Isso reduzirá muito a curva de aprendizado sobre os processos de negócios e como liderar a incorporação de novas tecnologias.

Caso esse perfil não seja encontrado internamente, o próximo passo será buscar externamente, focando nas competências necessárias descritas acima.

Uma vez encontrada a pessoa, é fundamental comunicar de forma correta e clara os objetivos e a visão da empresa. É o enquadramento e o contexto que o coordenador terá para orientar a procura, seleção e implementação da ferramenta mais adequada.

Por fim, para que a pessoa selecionada consiga coordenar corretamente, é necessário delegar formalmente responsabilidade e autoridade ao restante da equipe. Vemos muitos casos em que esse ponto falha e resulta em atrasos ou falhas na implementação.

Conclusões

A transformação digital da agricultura já começou e a cada dia surgem mais opções de ferramentas para as empresas. Por sua vez, o processo de incorporação dessas tecnologias exige grandes compromissos de médio e longo prazo.

Neste contexto, assume especial relevância o papel do Coordenador AgTech, centralizando os esforços das empresas Agro nas soluções de maior valor e na sua implementação com sucesso.

Esperamos que este guia, com base no aprendizado alcançado durante 10 anos de acompanhamento na digitalização da agricultura, contribua para que as empresas sejam mais eficientes, produtivas e sustentáveis.