Há 4 anos nasce o “Esquadrão de Combate Cigarrinha” no Brasil; um projeto conjunto com a empresa Bayer para monitorar e alertar os produtores sobre a presença da praga cigarrinha através de uma rede de armadilhas adesivas.
O caso da praga cigarrinha do milho – Dalbulus maidis – no Brasil foi o catalisador de um trabalho de monitoramento e práticas de controle que agora chega à Argentina. Sob o lema “Colhendo conhecimento para a gestão integrada”, SIMA teve sua participação no XXXII Congresso Aapresid ‘Tudo está conectado’, fazendo parte de um prestigioso painel de biodiversidade para compartilhar com o público a experiência e os resultados do monitoramento de Dalbulus maidis.
Este vetor causador da doença ‘Enfezamento’ do milho – Spiroplasma – ganhou cada vez mais importância e intensidade no país do norte, a ponto de avaliar a suspensão do plantio de milho em algumas regiões e aplicar grandes vazios sanitários. No entanto, através de práticas preventivas, monitoramento e alertas, conseguiu-se manter a produção, embora com grandes perdas de rendimento. Foi assim que se impulsionou a necessidade de concentrar todos os esforços no controle da praga.
O projeto começou com o “Esquadrão de Combate Cigarrinha” em parceria com a Bayer, expandindo-se posteriormente para a Colômbia e, a partir deste ano, está sendo implementado na Argentina a “Rede Nacional de Monitoramento de Dalbulus“, com a participação de instituições, empresas e produtores de sementes de Maizar.
O projeto contra a cigarrinha que se expande por toda a América do Sul
O projeto de monitoramento de Dalbulus realizado pela SIMA resultou no desenvolvimento de um módulo específico dentro de sua plataforma para o acompanhamento desta praga. Este avanço foi possível graças a um esforço de co-desenvolvimento com uma empresa produtora de armadilhas e a Cooperativa Agrária do Brasil, uma das cooperativas mais importantes do País, que contribuiu com sua experiência e recursos para melhorar o sistema de monitoramento.
O resultado deste desenvolvimento conjunto é a funcionalidade atual da SIMA dedicada ao monitoramento de Dalbulus, que foi adotada na Rede Nacional de Monitoramento da Argentina. Este módulo não apenas permite registrar e visualizar os dados de monitoramento, mas também foi projetado para alertar os usuários sobre a presença de cigarrinhas nas áreas monitoradas. Através de notificações automáticas, os produtores são informados das áreas onde a praga foi detectada, permitindo-lhes tomar decisões de manejo de forma proativa e reduzir o risco de danos às culturas.
Esta funcionalidade torna-se uma ferramenta crucial para a agricultura moderna, fornecendo aos produtores informações precisas e em tempo real sobre a presença de pragas, facilitando a implementação de práticas adequadas de controle e prevenção. Além disso, a colaboração com entidades de grande porte como a Cooperativa Agrária do Brasil demonstra a capacidade da SIMA de trabalhar com diversos atores do setor agrícola, unindo esforços na luta contra ameaças que afetam significativamente o rendimento das culturas.
Um esquadrão de pessoas combatendo a cigarrinha
O “Esquadrão de Combate Cigarrinha” consistiu em uma equipe de pessoas registrando dados através de um aplicativo, que eram então visualizados em um painel de controle. Os relatórios gerados incluíam mapas de calor que mostravam a propagação da praga, ajudando os produtores a ficarem alertas e prevenir seu impacto.
No projeto de monitoramento da cigarrinha, foram instaladas mais de 10.000 armadilhas no Brasil nos últimos 4 anos para rastrear a praga em diferentes campanhas. Na Colômbia, foram instaladas 120 armadilhas com mais de 400 monitoramentos realizados e 10 usuários envolvidos. E na Argentina, o projeto está em seus estágios iniciais, com 240 armadilhas instaladas e 80 usuários realizando monitoramentos.
Com todos os registros carregados pelos usuários, a nova funcionalidade permite gerar mapas que mostram o número de lotes que receberam alertas de presença de uma adversidade. Receber o alerta não significa necessariamente que os lotes afetados tenham registrado a adversidade, mas sim que nas áreas próximas a esses talhões foi detectada a presença da mesma, conforme o monitoramento realizado pelos próprios usuários da plataforma. Ter acesso a esses padrões serve como um primeiro indicador de onde está o problema, permitindo aos produtores estar cientes de possíveis ameaças em sua área e tomar decisões informadas.
O aumento nos alertas não só ajuda os agricultores a identificar os pontos críticos da praga, mas também fornece um quadro útil para monitorar o desenvolvimento das adversidades em tempo real. Ao observar o comportamento desses alertas no gráfico, é possível prever a evolução da praga e promover uma resposta proativa, melhorando assim as estratégias de manejo e proteção das culturas. Além disso, essa abordagem colaborativa permite obter uma visão mais abrangente da situação a nível regional, facilitando a coordenação entre os produtores para implementar medidas eficazes de controle.
Como funciona o módulo? O módulo registra o número de indivíduos por armadilha, cada uma georreferenciada e com um raio atribuído para determinar a área coberta. Também é registrado o nível de infectividade das cigarrinhas, indicando quantas são capazes de transmitir Spiroplasma, o agente que afeta os rendimentos das culturas. As visualizações estão disponíveis no App e Web, com painéis de controle e mapas que mostram a localização das armadilhas e a quantidade de indivíduos detectados, codificados por cores. Alguns indicadores que podem ser obtidos incluem a média de indivíduos por semana e por área, e a positividade das armadilhas, entre outros.
O que está por vir
Olhando para o futuro, está em andamento um co-desenvolvimento com uma empresa chilena e a Cooperativa Agrária do Brasil para armadilhas de detecção ou contagem automática de indivíduos, que já estão em operação. Essas armadilhas têm a vantagem de não exigir que uma pessoa faça o monitoramento diário no campo, a menos que seja detectado algum problema que exija intervenção. Está prevista uma fase piloto em 2024 com 90 armadilhas, distribuídas entre Brasil e Argentina, dependendo da disponibilidade, já que o primeiro lote é limitado.
Quanto aos desenvolvimentos próprios da SIMA, está sendo trabalhada a integração da contagem automática no App, o que permitiria aos usuários realizar a contagem através do celular de maneira mais rápida. Além disso, a equipe de Ciência de Dados está realizando testes para desenvolver um modelo preditivo que não apenas indique a presença da cigarrinha, mas também permite prever como a população evoluirá no futuro. Este enfoque busca oferecer aos produtores uma ferramenta avançada para a tomada de decisões no manejo de pragas.