Após a revolução verde, em meados de 1960, houve a adoção em escala da utilização de defensivos agrícolas para o aumento da produtividade, e como consequência o aparecimento de plantas daninhas resistentes a estes compostos químicos. No Brasil, o primeiro caso concreto de tolerância registrado ocorreu na década de 80, em que as aplicações inadequadas e repetidas de metribuzin na soja selecionaram populações de leiteiro tolerantes. Atualmente, há mais de 50 casos reportados de daninhas com resistência no país, sendo as espécies mais problemáticas os carurus (Amaranthus hybridus e A. palmeri) e a buva (Conyza spp.), apresentando tolerância a variados herbicidas, dificultando ainda mais o controle.
Segundo um levantamento da Embrapa, as plantas daninhas ocasionam perdas médias anuais de 15% na produção mundial de grãos. Estas perdas podem chegar até 90% sem um controle adequado na lavoura. O não controle das espécies indesejadas resulta num aumento exponencial do banco de sementes no solo destas plantas, dificultando posteriormente o seu controle. Para o agricultor, os prejuízos da presença de plantas daninhas já são bem conhecidos, assim como a importância da adoção de manejos integrados, destacando a necessidade da boa utilização dos químicos como ferramenta na prevenção à resistência.
A resistência de uma planta a herbicidas é uma capacidade adquirida de insensibilidade para sobreviver à dose indicada na bula do produto, que em condições normais controlaria as demais plantas da mesma espécie. Uma planta é sensível a um herbicida, quando seu crescimento e desenvolvimento são alterados pela aplicação do produto, resultando na morte da planta. Já a tolerante por mais que possa inicialmente ter seu desenvolvimento suprimido, sobrevive, sendo capaz de se reproduzir após o tratamento com herbicida, liberando sementes que aumentarão a população resistente na área.
Ao utilizar repetidamente herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, cria-se um ambiente favorável ao surgimento e dispersão de populações resistentes a este mesmo composto. Deste modo, é importante entender os grupos de herbicida, para que se possa realizar um planejamento e evitar a repetição seguida destes sítios de ação. Um dos cuidados essenciais que deve-se ter ao adquirir um produto comercial, é que comumente as formulações possuem misturas de ingredientes ativos, e inconscientemente o produtor pode estar aplicando diferentes produtos comerciais mas com o mesmo sítio de ação nas plantas, favorecendo a resistência. Em avaliações realizadas pela organização WeedScience, foi reportado que os herbicidas inibidores da ALS (ex: trifloxissulfurom-sódico, imazetapir, clorimuron-etílico) e da EPSPs (ex: glifosato), são os que mais apresentam casos de tolerância e resistência.
O mecanismo ou sítio de ação de um herbicida corresponde ao local primário onde ele atua na fisiologia da planta, ao realizar aplicações rotacionando estes mecanismos se diminui a pressão de seleção para plantas resistentes. Deste modo, é essencial conhecer o espectro de ação de cada produto comercial, entendendo como cada grupo age para possibilitar a escolha da molécula mais adequada. Além disso, estratégias para evitar a resistência contemplam a aplicação de doses respeitando o indicado na bula, assim como a rotação de culturas e plantio direto para suprimir o crescimento de daninhas. O arranquio e eliminação de indivíduos remanescentes após a aplicação também é recomendado, buscando evitar a produção de sementes e disseminação destas plantas na área.
Aliado a estas estratégias, é fundamental manter o monitoramento constante da lavoura, para que se identifique e contabilize as espécies infestantes, permitindo melhor manejo e avaliação da eficiência dos métodos adotados. A SIMA é uma ferramenta digital que auxilia o produtor nesta missão, trazendo facilidade à sua rotina, além de proporcionar uma visão estratégica que torne suas decisões mais assertivas. Para mais informações acesse: SIMA – Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola.