No complexo tabuleiro que é a agricultura brasileira, a safra de milho para o período 2023/2024 se posiciona em um cenário bastante desafiador. Este grão, essencial para nossa agricultura, reflete as complexidades da interação entre a natureza, o mercado e o trabalho do agricultor. As estimativas recentes da Conab revelam uma redução no volume total de grãos, e no centro desta narrativa, o milho surge como peça essencial de atenção.
A Influência do El Niño e a Interdependência com a Soja
Na presente safra, a agricultura brasileira enfrenta consideráveis desafios climáticos, refletidos nas estimativas do 4º levantamento da Conab. É esperada uma redução de 4,2% na produção de grãos, resultando em 306,4 milhões de toneladas. Dentre as culturas envolvidas, o milho destaca-se com uma queda significativa de 10,9%, sendo atribuída a condições climáticas adversas, e especulando-se uma colheita de 117,6 milhões de toneladas para a cultura.
O clima desfavorável, com excesso de chuvas no Sul e escassez no Centro-Oeste, comprometeu o desenvolvimento da primeira safra de milho. O impacto do El Niño, especialmente no Centro-Oeste e Matopiba, estendeu a permanência da soja no solo, restringindo a janela de plantio do milho e contribuindo para a revisão das projeções totais de grãos.
A segunda safra de milho, essencial para abastecimento interno e exportações, enfrenta desafios decorrentes do atraso na soja e da redução na área cultivada. Neste contexto, a gestão eficiente da segunda safra torna-se imperativa para garantir a estabilidade do mercado agrícola brasileiro. A compreensão da interconexão entre as diversas fases do ciclo agrícola, aliada à flexibilidade para adaptar-se a condições variáveis, evidencia a importância estratégica do milho deste período como uma peça fundamental.
O Agricultor e a Necessidade de Adaptações
Neste cenário, o papel do agricultor emerge como protagonista na busca por soluções adaptativas. O monitoramento diário torna-se uma prática essencial, permitindo ao produtor ajustar estrategicamente as atividades conforme as variáveis climáticas e os atrasos na colheita da soja. Com a janela de plantio do milho encurtada devido a fatores externos, a gestão precisa do tempo torna-se crucial para otimizar o crescimento da cultura e compensar as perdas decorrentes das condições desfavoráveis.
A produtividade do milho está diretamente vinculada ao timing preciso, especialmente quando o plantio se encerra entre meados de dezembro e janeiro. A habilidade do agricultor em ajustar-se dinamicamente a estas variáveis, combinada com a aplicação de práticas agrícolas sustentáveis, torna-se um fator determinante na mitigação de perdas e na preservação da estabilidade do setor agrícola diante das adversidades climáticas.
Doenças do Milho: Um Desafio Adicional
Condições climáticas desfavoráveis afetam diretamente o aparecimento de adversidades fitossanitárias no campo. As doenças que acometem os milharais representam um desafio significativo para os agricultores, exigindo abordagens preventivas e estratégias de manejo criteriosas. O manejo integrado de doenças destaca-se como uma prioridade, uma vez que a propagação rápida dessas enfermidades pode resultar em perdas significativas de produção.
Para enfrentar esse desafio, os produtores têm à disposição diversas estratégias. A escolha de híbridos mais tolerantes, a eliminação de plantas hospedeiras e a antecipação dos cuidados com a sanidade das plantas emergem como medidas preventivas essenciais.
Entre os pontos de atenção, destaca-se a Antracnose como uma das principais vilãs, causando lesões nas folhas que comprometem a fotossíntese e, consequentemente, a produtividade. A ampla distribuição dessa doença nas regiões produtoras de milho do Brasil, especialmente devido ao plantio direto sem rotação de culturas, coloca os agricultores diante de um desafio complexo.
Os Enfezamentos, causados por microrganismos transmitidos por cigarrinhas, apresentam duas variantes – pálido e vermelho – afetando negativamente o crescimento das plantas, evidenciando a necessidade de estratégias eficazes de controle de pragas. Já as Ferrugens, incluindo a polissora, comum e tropical, surgem como ameaças significativas, provocando pústulas nas folhas.
A Helmintosporiose, disseminada pelo fungo Exserohilum turcicum, traz consigo lesões necróticas que, quando não manejadas adequadamente, podem causar perdas consideráveis, especialmente quando o ataque ocorre antes da fase de floração. A Mancha de Bipolaris Zeicola, outra preocupação para os agricultores, evidencia a necessidade de cultivares resistentes e práticas de rotação de culturas para mitigar seu impacto.
Além das complexidades apresentadas pelas doenças fúngicas e viróticas, os agricultores de milho enfrentam um desafio adicional com a ocorrência de bactérias, notadamente aquelas pertencentes ao gênero Erwinia. Essas bactérias podem desencadear podridões no milho, manifestando-se principalmente nos colmos e apresentando sintomas como folhas murchas e secas, além de lesões encharcadas na bainha das folhas. Em um cenário já impactado por fatores climáticos adversos e doenças fúngicas, as podridões bacterianas destacam-se como mais uma variável a ser gerenciada.
A prevalência dessas podridões bacterianas é intensificada em condições de altas temperaturas e umidade, destacando a importância de estratégias de manejo hídrico do solo. O controle eficaz dessas infecções requer uma abordagem integrada, onde a gestão cuidadosa da irrigação se torna uma estratégia crucial para mitigar os impactos das podridões e preservar a qualidade e produtividade do milho. A identificação precoce, aliada a práticas de prevenção e manejo eficazes, emerge como uma estratégia vital para preservar a produtividade e garantir a segurança alimentar em face desses desafios fitossanitários.
A Necessidade de Monitoramento e Tomada de Decisões Informadas
O milho, peça vital na engrenagem agrícola do país, está sujeito a uma série de adversidades, desde condições climáticas desfavoráveis até a incidência de diversas doenças que necessitam de atenção. Esta complexa teia de desafios demanda uma abordagem proativa e informada por parte dos agricultores.
A importância do monitoramento constante emerge como um fator crucial diante da incerteza que permeia o cenário agrícola. Os produtores de milho necessitam estar atentos aos indicadores para garantir o sucesso da colheita. O calendário de plantio, que se torna uma peça estratégica no jogo da produção, exige uma vigilância diária, especialmente em anos atípicos como o atual.
A necessidade de avaliar os cenários, e tomar decisões informadas e estratégicas é mais premente do que nunca. A interdependência entre fatores climáticos, o ciclo da soja, a variedade de doenças e as adversidades exige uma abordagem integral por parte dos agricultores. Somente por meio do monitoramento frequente e da adaptação constante será possível enfrentar os desafios e assegurar a produção do milho na agricultura brasileira.
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